quarta-feira, 19 de junho de 2019

PORQUE REMAR É PRECISO? LIMPAR A MENTE, RELAXAR E EXERCITAR. - RELATOS DE UM EXPERIENTE REMADOR.



     CANOAS X FANFA X CANOAS 72 KM - Por Ricardo Brum

Depois de semanas de trabalho pesado, bate aquela vontade de limpar a mente, relaxar e se exercitar. Pronto! Os ingredientes motivadores para uma boa remada.
Percebo que chegou a hora de colocar em pratica uma velha ideia; colocar o iak no carro, percorrer aproximados 3 km, colocar o iak no rio e sair remando. Tudo simples, sem planejamento, só o básico, como se eu fosse ali, na esquina.
No sábado as 5h 40min sai de casa, sem compromisso de horários, com destino a praia do Paquetá junto a foz do rio Sinos, deixo o carro na casa do pescador Alemão, iak na água, apetrechos embarcados, pequena mochila estanque com uma muda de roupa e, partiu remar.
Saio do Rio dos Sinos ingresso no Rio Jacuí, rumo Oeste, rio acima, contra a correnteza que era fraca, temperatura agradável e sem vento. O rio estava um espelhado, e logo os primeiros raios de sol aparecem entre nuvens.  Depois dos primeiros quilômetros, o corpo aquece, o ritmo das remadas se estabelece. Eu estou fazendo a primeira remada mais longa com um caiaque oceânico rotomoldado, um AS 500 modelo antigo, no qual fiz algumas adaptações. Depois de 7 km aporto na ilha do Lobisomem, regulo banco e redistribuo alguns apetrechos no convés, fone no ouvido em volume baixo e sigo em frente.
Sentindo-me confortável no cockpit da nave, mais equilibrado e seguro, acerto a remada e começo a ousar traçando linhas de proa mais longas mirando objetivos em linha reta, mesmo pelo meio do rio, longe das margens. Quem rema, sabe que quando se rema em rios largos, perto da margem se tem a sensação de melhor rendimento, pois temos a referência das árvores que ficam para trás,  o que não acontece no meio do rio onde parece que o barco não anda.
Neste ritmo começo a engolir os quilômetros ultrapassando os pontos de referencia: o canal do polo, o acesso e a saída do canal da Ponta Rasa, o retão infinito antes do Porto da Manga... E no meio da manhã ultrapasso as torres de alta tensão do Porto da Manga, e sei que daqui a 12 km estarei chegando em Fanfa.
Depois de uma parada básica para alongamento, devoro a ultima perna da remada, as 12h40 min encosto o remo no píer flutuante da barranca do sítio. Uma missão gostosa de cumprir.
Lá estavam minha esposa e filha me aguardando com um bom almoço. Além dos amigos de Caxias, da turma do Miguel Gomes. que vieram passar o fim de semana pescando. Uma tarde de descanso e conversas, com o  pessoal bajulando os filhotes da cadelinha Diva guardiã do sitio.  
No final da tarde a família retorna para Canoas de carro. A boa conversa com os amigos, algum trago e uma carne assada, antecedeu uma boa noite de sono na cabana flutuante, que já mostra sua utilidade. A noite passou voando e as 5h30min, pulo da cama, café, arrumar as tralhas e carregar o caiaque.  

E pá na água. As 7h dou a primeira remada, bem lenta, admirando o céu que me presenteia com uma tela de pintura sendo preenchida em frente aos meus olhos, a cada minuta uma nova cor. Logo embalo as remadas de volta a Canoas, o ritmo esta bom, novamente o rio espelhado, sem vento sem correnteza, uso a mesma técnica: bordos longos, objetivos traçados em linha reta a distancia, são ultrapassados um a um. Antes que imaginava, as 9h48min paro para descansar na Ponta Rasa, ligo para o amigo João Arriga que tinha combinado de me encontrar no caminho pra fazer uma parcial da remada, que me informa que acabou deixando a remada para a tarde. Aproveito para fotografar e filmar. Atravesso o canal e vou até a ilha em frente onde existe o último colégio ainda inteiro das dezenas de escolas criadas na década de 60, pelo então governador Brizola nas ilhas do Jacuí.
Sigo em frente totalmente relaxado, e resolvo abrir por fora da ilha, pegando o canal principal. Foi uma boa escolha, pois o trecho da ponta rasa ficou bem mais curto. Avisto ao longe as torres de alta da travessia do canal do polo e ao ultrapassa-las, ancoro na boia 29, lanche, alongamento e registros fotográficos. Sigo pelo canal, costeando a ilha do Lage com sua dezena de barcos e lanchas ancoradas onde as famílias curtem o dia perfeito.
Chego no Paquetá. Foram 36 km em 5h18min de remo. Uma boa media.  Em 20 minutos estou em casa. Parece que fui ali na esquina.  

Assista o vídeo: 


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